22 de agosto de 2011

Agosto

Chegando em casa o tempo é curto, lava a cara, as partes e o terror; o ralo engole aquele tanto da gente que há pouco gravavam as vitrines, o espelho em frente. Mas lava as mãos, os alimentos e os seus talheres, pois servir a mesa lhe requer alma e, bem, é melhor que as mãos estejam limpas.

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Os braços subjugavam o corpo num estiramento horizontal. Ombros retos, vértebras cultas, cintura em arco e mãos concretadas no ar ligavam a pele aos poros carinhosos do vento, e o dia, estourando como gomos de mexerica machucada, nasceu de mim. Roubou em minha saliva-gameta vícios, deslumbres e certezas; argamassas do inferno, terra e céu do que minto, do que sou.


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